Sempre que pensamos nas químicas feitas dentro dos salões de beleza levamos em consideração, em primeiro lugar, a compatibilidade entre químicas. Dentre as compatibilidades ou incompatibilidades mais observadas atualmente está a de escova progressiva e mechas ou luzes, ou seja, entre loiros. Vamos abordar um pouco sobre o assunto agora.
É normal ouvir coisas do tipo "sou loira, faço mechas, luzes, e quero fazer uma progressiva, qual a melhor?" ou ainda, "faço escova progressiva e agora quero fazer luzes, mechas, ser loira, meu cabelo aguenta?".
Pensando nisso, e vivendo isso dentro do salão resolvi fazer essa matéria, falando mais sobre a questão prática e descomplicada do que teórica. Digo isso porque algumas pessoas questionam meu método de passar o que sei. O que não importa muito pois aventura é aventura e fato é fato. Então vamos falar de fatos, e não de aventuras profissionais (se você é profissional e se sentir ofendido com essa matéria, desculpe, não foi minha intenção te ofender, mas lamento!!!).
Existem dois tipos de escovas progressivas basicamente, hoje no mercado: de formol manipulado, e as "sem formol" que são escovas de ácidos, geralmente associadas ao ácido glioxílico que alguns acabam chamando de carbocisteína.
Sobre as escovas de ácidos, e o que eu penso sobre elas, você pode conferir nessa matéria que fiz há 12 anos atrás, e anos após eu bater, bater, bater, sobre essa questão, acabou saindo sobre a mesma no fantástico e então nos deram mais ouvidos (embora não tenha resolvido muito), confira:
Um fato é que "QUÍMICA NÃO PENSA, QUÍMICA AGE!", e você pode gostar disso ou não, mas no fato a química vai fazer aquilo que ela é feita para fazer, independente de você dominar sobre o assunto ou não.
Nesse sentido temos a química de descoloração usando pó descolorante, geralmente LOIROS. E aqui é importante citar que os descolorantes em pó são compostos por Persulfatos (Amônio, Sódio, Potássio), inclusive há pós descolorantes que possuem os três na fórmula.
E a progressiva de ácidos geralmente é de ácido carboxílico.
Agora repitam comigo: ácido glioxílico é REDUTOR, persulfato de sódio é AGENTE OXIDANTE MUITO FORTE. Repita 10x essa frase e então pode continuar a leitura...
Sendo assim, quando se mistura esses dois essa reação libera energia (é exotérmica). Em condições aquecidas, o persulfato pode decompor-se e liberar radicais altamente reativos, o que pode acelerar a oxidação violentamente.
Aí você pensa: a progressiva usa chapinha QUENTE, e na hora de fazer as luzes para manter o CALOR se usa papel alumínio, ou outro papel, que de qualquer forma eleva o calor, e aí a oxidação, que aconteceria de qualquer forma, é acelerada violentamente!
Resultado: QUEBRA! Agora vem a lindeza do cabelo mais ralo que vitamina de creche pública e mais quebrado que biscoito em promoção dizer "ainn, mas eu faço e não quebra!"... Verdade, não quebra, fica igual do Gollum do O Senhor dos Anéis!
Não importa se você faz a progressiva primeiro ou se faz as luzes primeiro. As químicas são incompatíveis e pronto! Sei que vem a pergunta: ah, mas e a progressiva de formol? Ela tem uma menor incompatibilidade, mas também é incompatível, afinal é um aldeído. E você já deve ser bem crescidinha ou crescidinho para saber que "menor" não quer dizer que "tá legal".
Sei que alguns vão falar que viram posts meus onde fiz luzes em mulheres que tinham o cabelo com progressiva e que o cabelo ficou lindo. Ok, mas veja que em todos eles o cabelo era escuro, cheio, e as luzes eram estilo "morena iluminada" onde os produtos usados e a técnica usada eram outros. E de igual forma essas pessoas já eram clientes que tratavam o cabelo comigo. Faziam progressiva em outro salão, mas tratavam o cabelo comigo. Cada caso nesse sentido é um caso, mas LOIRO é diferente, entenda.
No meu canal do Youtube eu falei sobre essa questão de luzes x progressiva durante a pandemia e muita gente ficou chocada. E olha que nem mostrei na prática as reações químicas. Quer assistir? Vai lá no canal ou assista abaixo
