Postado dia 17 julho 2014

Umectação capilar com óleos mitos e verdades




Umectação, capilar ou não, é basicamente o ato de umedecer alguma superfície. Mas tratando-se dos cabelos até onde vão os seus benefícios ou malefícios. Funciona? É bom e dá para obter resultados e quais são?


Óleo pra-que-te-quero...


Primeiramente ressalto que não escrevo porque todo mundo escreve. Isso justifica o motivo pelo qual muitas vezes as pessoas perguntam sobre determinado tema aqui no blog, que esteja em alta na internet, e eu não tenha falado sobre ele.


Normalmente as matérias aqui postadas são resultados do dia a dia no salão onde trabalho como profissional. Dúvidas surgem aos montes e tento de alguma forma deixá-las mais claras para ajudar a quem eu conseguir. E dentre essas dúvidas surgiu o assunto do título dessa matéria.

Vamos por partes.

Não se faz necessário eu falar de "umectação capilar com óleos vegetais" porque não consigo imaginar alguém usando óleo animal no cabelo! Tá bom, sei que cada doido com sua doideira, mas isso não vem ao caso. Imagina alguém no açougue: "seu Adolfo, me dá um pedaço de banha que hoje vou fazer uma umectação daquelas!!!!". Que horror!

No minimo o açougueiro iria ficar com essa cara:


A umectação capilar, segundo o costume, consiste em aplicar óleos no cabelo e massagear a fim de tratar o fio e, de quebra, fazer ele crescer.

Essa questão de fazer o fio crescer vou me limitar apenas a dizer que é mito. O cabelo tem seu crescimento natural que é influenciado mais por questões de alimentação, hormonais e de temperatura.

Aproveitando essa questão sugiro que você que está na luta com o crescimento do cabelo leia essa matéria:


Mas vamos a algumas posições colocadas em relação à umectação capilar e depois darei nossa posição e explicação:


  1. Deve ser feita no cabelo sujo, usando touca para dormir e lavar na manhã seguinte, ou usar antes de lavar o cabelo, também usando touca (pré-poo);

  2. O óleo pode ser pré-aquecido antes de aplicar nos fios a fim de selar melhor os fios.

Não concordo com a questão do cabelo sujo, e passo a explicar minha opinião técnico/profissional (quando digo profissional quero dizer da forma que uso no salão na prática).

Segundo o Principio da Impenetrabilidade (física),  "dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo". É considerado principio porque é universal, e assim sendo, se aplica a tudo que é palpável, ou seja, revestido de matéria.

Nisso compreendemos que para que os produtos de tratamento capilar penetrem com maior satisfação, ou mesmo não penetrem mas ajam superficialmente, o fio deve estar livre de outros produtos ou elemento (e aqui nesse caso cito a sujeira como óleo, sebo, produtos de finalização e leave-in...).

Outra questão que eu discordo técnica e profissionalmente é a questão de aplicar o óleo antes de lavar os fios para então depois retirá-los.

Mesmo que os óleos possuam silicones (a maioria esmagadora), o lipídeo em contato com o cabelo mantem o mesmo macio. E como os lipídeos representam somente cerca de 3~6% da composição do fio o mais adequado é fazer com que os óleos estejam no fio.

Por isso eu uso o óleo, na maioria das vezes, como finalizador de cabelo, principalmente se for secá-los, pois assim o óleo tem uma maior afinidade com o fio posto que ao secar o vapor de água leva consigo o excesso de óleo também. Mesmo os cabelos que não serão secados eu costumo usar o óleo no cabelo úmido para deixar secar naturalmente.

Talvez você pergunte se o cabelo não ficará oleoso. Não. Já fiz várias vezes no salão um cabelo tipo 1c (maior tendencia à oleosidade) com óleo e sequei, e ele não ficou oleoso mas sim com muito brilho.

E esse mesmo cabelo tem usado óleo TODAS as vezes depois que lava, e, antes de secar, durante os últimos 7 meses. O resultado o cabelo mostra por sí, pois esse cabelo a 1 ano atrás estava muitíssimo ressecado devido a processos de progressiva anterior.

Pelo falado no parágrafo anterior pode parecer que eu disse que o óleo aquecido é ótimo para o cabelo, mas veja que eu falei em secar o fio, é diferente.

Nesse quesito eu não aconselho aquecer o óleo para aplicar nos fios, além de perigoso é duvidoso a REAL eficácia, posto que os óleos tem uma baixíssima penetração no fio se não possuir uma tecnologia que tenha agentes transportadores para o fio e/ou não forem depurados (tecnologia Nano ou outra de refino).

É preferível aplicar o óleo nos fios e seca-los levemente com um difusor para que saia o "excesso" (se houver) e fique uma quantidade nos fios. 

Para que você melhor adentre nos conhecimentos de tratamento de cabelo e óleos, e para que cada um serve, seria ultra indicado que você conhecesse o conceito do CCB, que você pode ver no alto da página. Leia e entenda o conceito e aplique, se não der resultado conte pra todo mundo, mas dando resultado mande fotos que eu posto aqui.

Deixo ainda claro que a questão dos óleos puros, como Argan, Côco, Abacate, Oliva, por sí só não tem quase utilidade alguma se não possuírem uma tecnologia, como dito alhures, que leve o nutriente do óleo para o fio, ou seja, que tenha essa capacidade.

Por isso é interessante procurar óleos que sejam industrializados (e não, eu não ganho nada para falar isso e não estou interessado em que as pessoas comprem "na minha mão") pois julga-se que passaram por pesquisa e desenvolvimento.

Na minha mala de produtos de finalização eu tenho 2 tipos de óleo (não conto sérum nem reparador de pontas) que uso para finalizar os cabelos e as vezes nos meus também, fora os do salão que quase sempre uso nas cauterizações a frio.

De maneira alguma iria esgotar aqui nessa matéria, já longa, o tema aqui dissertado, mas em outras oportunidades falaremos mais a respeito, e em quanto isso se você gostou dessa daqui que tal divulgar em alguma rede social ou blog?

Não sou o dono da verdade, e ainda tenho que estudar muito sobre cabelo, mas tudo o que foi falado aqui é o que faço nesses 10 anos como profissional.

A maioria das fotos que posto no Instagram (veja ao lado) os cabelos estão finalizados com algum óleo. Fica o fato.



Sobre o autor:

Marlon Bruno é cabeleireiro desde 2004 e atua na região metropolitana de Belo Horizonte/MG. Já atendeu também em salões pelo Brasil. Como professor de cabeleireiro formou dezenas de alunos no início de sua jornada e já ministrou cursos para profissionais experientes. Como blogueiro compartilha conhecimento através das matérias e faz do blog sua sala de aula.